A importância da escolha dos sócios

É muito comum uma empresa iniciar as suas atividades por meio da união de dois ou mais jovens empreendedores que já se conheciam anteriormente. Algumas vezes iniciaram a carreira profissional junto e ganharam experiência em uma empresa já estabelecida, outras vezes são amigos de infância ou estudaram juntos e entendem que possuem plenas condições de empreender conjuntamente.

A motivação para empreender sempre vem em primeiro lugar e a escolha do sócio certo neste contexto e momento nem sempre é o mais importante. Se, hipoteticamente, tomarmos como base uma sociedade recém-fundada por dois amigos com boa experiência no mercado em que atuam, mas que não definiram as regras entre si no início do seu próprio negócio, quais serão as perspectivas de a sociedade, ou mesmo o empreendimento, dar certo no médio prazo?

Muitos pensam que as determinações constantes no contrato social oficial da empresa são as que valem, mas sabemos que não é isto somente. Além disto, será de fundamental importância que as regras do jogo sejam totalmente claras entre os sócios. Uma empresa é como um “filho” para o seu fundador, e com isso ele normalmente impõe o seu estilo e a sua “cara” ao empreendimento. E quando houver mais de um fundador, qual é o estilo de sócio que sobressai? O que o outro sócio vai pensar a respeito? E se os dois sócios quiserem impor os seus diferentes estilos? Sem o estabelecimento de regras, os riscos de continuidade do negócio são elevados. Mas o que fazer nesta situação? Bem, temos que ir por partes. Para as questões apresentadas adiante, é recomendada uma profunda reflexão, pois as respostas têm que ser devidamente objetivas, discutidas, e obviamente convergentes entre os sócios:

a) Você conhece bem a pessoa que escolheu para ser seu sócio? b) Conhece a idoneidade do seu sócio? c) Em um empreendimento que necessita de um investimento inicial por parte dos sócios, ambos estão de acordo com o valor a ser aportado por cada um e os efeitos na participação dos resultados? d) Se, em um novo empreendimento, um sócio possuir mais capacidade de investimento que o outro, deverá ser observado que há desequilíbrio entre as partes; e) As regras da sociedade devem ser claras, tal como a divisão de tarefas, levando em conta a experiência de cada sócio, como, por exemplo, a definição de qual sócio responderá pelas áreas de vendas e de produção; f) Eventuais sociedades são compostas por sócio capitalista e por sócio de trabalho. Como isto será tratado?

É evidente que a sintonia em relação às questões abordadas acima não nos permite ter 100% de certeza de que a sociedade dará certo, mas com certeza minimizará o risco de dar errado. Além disto, é importante também que os sócios estejam alinhados e conversem sempre que for necessário. De preferência, que tenham uma agenda periódica -que poderá ser quinzenal ou mensal- a fim de discutir questões pontuais e também relevantes, tais como os resultados recentes e se as metas estão sendo atingidas, entre outros, sempre buscando a sinergia com vistas à manutenção, ao crescimento e à perpetuidade do negócio.

Para concluir, uma última recomendação, muito importante: não deixe para amanhã o que deve ser resolvido hoje, ou seja, não deixe assuntos mal resolvidos sem o devido e rápido esclarecimento. Muitas vezes, o seu acúmulo em um momento de elevado estresse poderá vir à tona, o que com certeza trará consequências irreversíveis para a relação dos sócios e para a própria sociedade. Por fim, use sempre o bom senso, buscando a sintonia entre os sócios. Isto com certeza será o ponto de partida da perpetuidade do empreendimento.

Marcelo Lico – sócio da Crowe Horwath Brasil