Crédito a empresas desacelera em março

Os números divulgados ontem pelo Banco Central mostram que a oferta de crédito a empresas enfrenta um momento de indefinição. Segundo os números, o crédito direcionado (com recursos quase totalmente do BNDES) e o crédito livre, com recursos próprios dos bancos, cresceram apenas 0,2% em relação a fevereiro. O fortalecimento do mercado de capitais é um dos fatores que explicam o resultado, além de uma clara preferência dos bancos pelos empréstimos a pessoas físicas, segundos os especialistas.

De acordo com o Banco Central, em março o crédito com recursos livres somou R$ 486,7 bilhões, o que representa um crescimento de 4,6% em relação ao mesmo mês do ano passado, que fechou com um saldo de R$ 465,1 bilhões. Os recursos direcionados variaram 34% em 12 meses, saltando de R$ 224,6 milhões para R$ 300, 9 milhões. A variação em 12 meses mostra que as empresas que não recorreram ao mercado de capitais ainda dependem muito do BNDES.

De acordo com o BC, o volume global de crédito do sistema financeiro brasileiro subiu 1,1% entre fevereiro e março, para R$ 1,452 trilhão, o correspondente a 45% do Produto Interno Bruto (PIB). Em janeiro, o volume de dinheiro para empréstimo estava em R$ 1,436 trilhão, também em 45% do PIB. Em março de 2009, essa relação era de 41% do PIB.

Enquanto isso, as grandes empresas procuram alternativas de financiamento fora do sistema bancário. O frigorífico brasileiro Marfrig lançou US$ 500 milhões em um bônus de dez anos a 9,75%, afirmou uma pessoa ligada à transação. A coordenação caberá aos bancos Credit Suisse, Itaú, Santander e Bradesco. A empresa pretende usar os recursos para financiar capital de giro e pagar bônus que vencerão este ano e em 2011.